

O ex-bispo da Diocese de São José do Rio Preto (SP), Dom Orani João Tempesta, de 74 anos, é um dos cardeais que poderá ser eleito o novo Papa, após a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, (21/04/2025). Agora a Igreja Católica entra em um período conhecido como Sé Vacante, de preparativos para as cerimônias funerárias e convocação do conclave.
No total, 138 cardeais, com menos de 80 anos, podem participar do conclave, que é a escolha do novo dirigente da Igreja Católica, normalmente entre 15 e 20 dias após o falecimento. Desse total, sete são brasileiros, porém, um deles não poderá – Dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que tem 87 anos.
Destes seis nomes, que podem participar do conclave, dois têm maiores chances de serem eleitos, segundo os analistas do Vaticano, sendo eles: Dom Sérgio da Rocha e Dom Leonardo Ulrich Steiner.
De acordo com especialistas, no complexo tabuleiro político do sistema colegiado que escolhe um novo sumo pontífice, é comum que favoritos não sejam os escolhidos, pois, dias antes do conclave, em 2013, pouquíssimos apostavam o argentino Jorge Bergoglio (Papa Francisco). Confira a lista de brasileiros, segundo a Exame.
Dom Jaime Spengler
Frei franciscano e cardeal desde 2013. É o arcebispo metropolitano de Porto Alegre e, desde 2023, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e do Conselho Episcopal Latino-Americano. Tem 64 anos
Dom Sérgio da Rocha
Foi bispo auxiliar de Fortaleza e arcebispo metropolitano de Teresina e de Brasília. Desde 2020 é o arcebispo de Salvador. É também membro do Conselho de Cardeais, que ajuda o Santo Padre no governo da Igreja. Tem 65 anos
Dom Odilo Pedro Scherer
Talvez o nome de maior peso entre os cardeais brasileiros, apesar de não estar entre os mais cotados para a eleição. É o décimo nono bispo de São Paulo, sendo seu sétimo arcebispo e quinto cardeal. Exerce também a função de Grão-Chanceler da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Tem 75 anos
Dom Orani João Tempesta
Monge da ordem cisterciense, décimo oitavo bispo do Rio de Janeiro, sendo seu sétimo arcebispo e sexto cardeal. Foi também o terceiro bispo de São José do Rio Preto e nono arcebispo de Belém do Pará. Tem 74 anos
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília, sede da Igreja Católica no Brasil. É membro da Pontifícia Comissão para a América Latina. É o mais jovem, com 57 anos
Dom João Braz de Aviz
Arcebispo emérito de Brasília e prefeito emérito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada. É defensor da Teologia da Libertação. Tem 77 anos
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Arcebispo de Manaus, nomeado pelo Papa Francisco em 2019. Frade franciscano, foi bispo da Prelazia de São Félix, no Mato Grosso. Tem 74 anos
Quem é Dom Orani João Tempesta?
Dom Orani, de 74 anos, nasceu em São José do Rio Pardo (SP), em São Paulo, e, desde cedo, buscava sua vocação dentro da Igreja Católica. Ele fez o retiro no Mosteiro de Itaporanga, também em São Paulo.
Também estudou Filosofia no Mosteiro de São Bento e Teologia no Instituto Pio XI. Dom Orani foi ordenado sacerdote em 1974 e eleito Bispo de São José do Rio Preto (SP) já em 1997, mas passou por diversas cidades do Brasil. Em 2004, foi eleito arcebispo de Belém, no Pará, e somente em 2009, foi transferido para a Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Foi vítima da violência na cidade duas vezes: em 2023, quando teve carro e pertences levados por assaltantes na Avenida Brasil, uma das principais vias expressas do Rio, e em 2016, quando ficou no meio de um tiroteio em Santa Teresa, no Centro.
Na cidade, passou a organizar e participar de eventos e virou parte da história carioca.
Anfitrião da Jornada Mundial da Juventude na cidade em 2013, foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco no ano seguinte, sendo um dos oito brasileiros. O professor de Teologia da PUC-Rio Paulo Carneiro de Andrade ressalta que Dom Orani é uma figura importante para a Igreja brasileira, mas que o próximo chefe da Igreja Católica deve ser de outro continente, já que o Papa Francisco era argentino.
Ainda de acordo com o professor Paulo Carneiro de Andrade, todos os bispos e auxiliares devem pedir a renúncia aos 75 anos. Mas, no caso de cardeais, geralmente ela não é aceita, e os bispos ainda ficam mais alguns anos no cargo.