O bispo de Catanduva (SP), Dom Valdir Mamede pediu renúncia ao cargo nesta última terça-feira, (31/10/2023), em Brasília (DF), após escândalos de assédio moral e sexual contra padres e seminaristas.
Fontes ligadas à Diocese de Catanduva confirmam que, após investigação aberta a pedido do Papa Francisco, a permanência de Mamede se tornou insustentável no comando da Igreja. O processo canônico investiga o bispo por assédio moral, sexual e abuso de poder contra padres e também seminaristas, onde também chegou a ser acusado de acobertar crimes de outros padres, dentro da Igreja.
Conforme a Gazeta revelou com exclusividade, em março deste ano, Dom Valdir determinou que todos os padres das 34 paróquias da região pagassem a condenação do padre Osvaldo Donizete da Silva – conhecido como padre Barrinha. Ele e a Diocese foram condenados a pagar cerca de R$ 500 mil de indenização a uma vítima de abuso sexual no ano de 2013, no município de Sales (SP).
Áudios obtidos com exclusividade pela Gazeta do Interior revelaram que o chefe da Diocese teria enviado, através do WhatsApp, um comunicado sobre sua decisão de que todos os sacerdotes pagassem a condenação estabelecida em primeira instância, pela Justiça de Urupês (SP).
Após a reportagem ir ao ar, o Bispo decidiu processar a Gazeta e pediu na justiça uma indenização por danos morais no valor de R$ 20 mil e ainda a retirada da reportagem do ar. Todos os pedidos dele foram negados e o processo foi arquivado.
O pedido de renúncia de Mamede já foi aceito nesta quarta-feira, (01/11), pela Santa Sé. O documento assinado pelo Papa Francisco já foi publicado pelo Vaticano. Agora Dom Valdir se aposenta do cargo e continua recebendo a aposentadoria da Diocese de Catanduva.
O processo canônico contra Mamede continua em andamento, onde poderá ser aplicada a demissão do Estado Clerical e ele pode até ser expulso da Igreja.
Dom Luiz Carlos Dias, bispo de São Carlos, foi nomeado pelo Vaticano como Administrador Apostólico da Diocese de Catanduva, até que o novo bispo assuma o cargo.
Procurado pela Gazeta, Valdir Mamede ainda não se manifestou sobre o caso.