
A pandemia da Covid-19 aproximou as crianças das famílias, mas ao mesmo tempo dificultou o processo de aprendizagem dos estudantes, de acordo com mães de alunos da Rede Municipal de Ensino de Potirendaba (SP). Os relatos mais frequentes foram relacionados à dificuldade de concentração das crianças, desmotivação, falta de rotina e do convívio social.
A auxiliar de enfermagem Naomi Fujioka sempre estudou em escolas públicas. Atualmente a filha dela segue o mesmo caminho. Aos 13 anos, Hilda está matriculada no 8º ano da EMEF Maestro Antonio Amato e vivenciou o ensino à distância.
“Durante a pandemia foi um pouco difícil, porque tive que estudar junto para poder auxiliar a minha filha. O maior desafio foi a concentração, porque em casa é mais difícil de prestar atenção na aula”, conta Naomi.
Apesar de mãe e filha considerarem importante o retorno às escolas, elas afirmam que os estudantes estão “entrando no ritmo” aos poucos.
“Vejo que a retomada para as aulas presenciais ainda está complicada. As crianças estão muito ansiosas. Mas com certeza voltar à sala de aula é bem melhor. Tem também a convivência com os colegas, a dinâmica da escola. O convívio social é tudo”, afirma Naomi.
“Sei que todos estão empenhados em melhorar e me agrada muito a abertura que temos com a direção e docentes da escola para conversar sobre as aulas e sobre como nossos filhos estão assimilando a matéria dada.”
A educação de Potirendaba também está diretamente ligada a Elizandra Perpétua Matias Durante. Ela é inspetora de alunos e atua há quase duas décadas na Rede Municipal de Ensino, mas ao mesmo tempo é mãe da Lívia, que tem 10 anos e estuda no 5º ano da EMEF Vitório Botaro.
“Parece estranho o que vou relatar, mas o período de pandemia foi a melhor fase para mim. Talvez por eu sempre buscar conhecimento, me realizei como professora e mãe ao mesmo tempo. Amo estar perto da minha filha e amo ensinar.”
Apesar de ficar mais perto de Lívia, Elizandra teve dificuldade para conciliar todas as atividades e também motivar a filha.
“A falta de interação com outras crianças causou desmotivação nos estudos. Apesar das turbulências, foram quase dois anos de muito aprendizado”, afirma.
Quando as aulas presenciais retomaram, a maior dificuldade foi a dependência de Lívia diante da presença da mãe, pois a menina não tinha autonomia para concluir as atividades escolares sozinha.
A situação melhorou com o passar dos meses, mas Elizandra afirma que o aprendizado da filha nunca foi um problema, pois recebe ensino de qualidade e apoio dos profissionais da educação.
No geral, os pais dos alunos matriculados no município consideram a educação oferecida de boa qualidade. Isso reflete no aumento no número de estudantes e, por isso, consideram necessário manter o padrão de ensino por meio de conteúdos mais aprofundados, construção de mais salas de aula e criação de um espaço fixo para reforço e projetos de alfabetização.
“Na pandemia não tinha como avaliar os alunos de uma forma igualitária, pois cada criança tinha uma realidade doméstica diferente umas das outras. Já no ensino presencial, o conteúdo é passado igualmente para todos e o professor pode extrair com precisão o rendimento real de cada aluno”, diz Elizandra.
“Ou seja, eles podem ser protagonistas da sua própria aprendizagem. O futuro de uma nação só será diferente quando todos reconhecerem que a educação é a única saída”, conclui.
Últimas notícias
