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EXCLUSIVO: Bispo de Catanduva (SP) ordena que padres paguem indenização de R$ 500 mil de padre condenado por abuso

autor: Por Luiz Aranha, Gazeta do Interior

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Vídeo acima mostra os áudios gravados pelo Bispo e enviado aos párocos 

O Bispo da Diocese de Catanduva (SP), Dom Valdir Mamede, determinou que todos os padres das 34 paróquias da região paguem a
condenação do padre Osvaldo Donizete da Silva – conhecido como padre Barrinha. Ele e a Diocese foram condenados a pagar cerca de R$ 500 mil de indenização a uma vítima de abuso sexual no ano de 2013, no município de Sales (SP).

Áudios obtidos com exclusividade pela Gazeta do Interior revelam que o chefe da Diocese teria enviado, através do WhatsApp, um comunicado sobre sua decisão de que todos os sacerdotes pagassem a condenação estabelecida em primeira instância, pela Justiça de Urupês (SP).

“Então, hoje, somando com a aquela realidade que é o pagamento dos honorários de sucumbência, isso ultrapassa R$ 500 mil. Então, para fazer frente a isso, nós discutimos variadas possibilidades e tivemos que promover, assim, no espírito de fraternidade presbiteral, algo que a legislação permite, como imposição de tributo ou de contribuição extraordinária por parte de nós clérigos. Para podermos, assim com o fundo, que já dispomos, mais o valor que o padre Barrinha já depositou como parcela própria para a composição do fundo. Então nós temos que fazer frente a isso”, diz trecho do áudio.

A Gazeta descobriu ainda que, desde que a família da vítima entrou com ação judicial, cada paróquia já vinha pagando um montante e, há cerca de um ano, a exigência do valor dobrou para conseguir atingir o total da indenização. Atualmente, cada paróquia desembolsa para a Diocese cerca de R$ 800 mensais, para o pagamento da ação. Se não bastasse isso, os 48 padres da região ainda estão sendo obrigados a contribuir com R$ 300 de seus próprios salários, todos os meses.

“Então nós bispos em condições, ou seja, Dom Otacílio e eu, mas também todos nós padres, somos convidados, por 10 meses, a contribuir com R$ 300 para que nós consigamos alcançar o valor suficiente para num período de 10 meses, que é mais ou menos o que se supõe que vai levar entre 10 meses um ano”, afirma o Dom Valdir.

Em outro áudio revelador, o Bispo diz que apenas padres aposentados ou que recebem benefício de prestação continuada estarão isentos da contribuição.

“Outros possíveis casos de isenção serão analisados por mim, e, para isso, eu peço que façam vocês, então os que não quiserem, que não puderem contribuir, que façam chegar até mim os pedidos, através de uma carta motivada. Nesta carta diz olha: “eu não posso contribuir por esse motivo” ou “eu não quero contribuir por esse motivo”. Então, os casos, nesta possibilidade que estará presente no decreto da imposição da contribuição extraordinária, serão também igualmente analisados, mas já não será uma isenção contida no próprio decreto, se não tratada por mim e pelo ecônomo da diocese e pelo vigário geral, que decidiremos em conjunto”, diz o Bispo.

O Bispo ainda continua: “Eu sei que o momento nacional não é fácil, que todos nós estamos passando por dificuldades, mas nós não podemos deixar a Diocese, que é a nossa mãe de atuação, a uma situação de inadimplência face a um gasto esse, extraordinário, que não estava previsto, assim como o valor tão alto, né? E que veio dessa maneira”, finaliza.

Padres ouvidos pela Gazeta se dizem contrários à imposição do Bispo e não concordam também com o fato do Padre Barrinha ainda continuar no Ministério, mesmo após sua condenação.

“Os padres que não concordaram com a imposição foram agredidos moralmente por ele (Bispo). Ele chegou e encaminhar áudios ameaçadores, porém, acabou apagando. Nós não somos obrigados a pagar uma condenação como esta, ainda mais com os nossos próprios salários”, disse um dos padres da região.

O Bispo Valdir Mamede está no comando da Diocese de Catanduva desde julho de 2019 e antes disso foi bispo auxiliar de Brasília (DF), por seis anos.

Procurado pela Gazeta, Dom Valdir ainda não se manifestou sobre o caso. O advogado da Diocese não atendeu nossas ligações e também ainda não se manifestou.
 

CONDENAÇÃO DO PADRE BARRINHA E DA DIOCESE

Segundo apuração da Gazeta, Osvaldo Donizete da Silva, conhecido como padre Barrinha, teria abusado sexualmente da criança durante uma confissão para primeira comunhão no ano de 2013, quando ela tinha 11 anos. Ela também, na época, era coroinha da igreja.

Tanto o padre, quando o Bispado de Catanduva (SP), pediram a improcedência do pedido formulado na petição inicial, com pedido subsidiário pela fixação razoável e proporcional do valor de eventual condenação.

Osvaldo Donizete e o Bispado de Catanduva foram condenados solidariamente a pagar a quantia de R$ 210 mil – corrigidos nos valores atuais R$ 455 mil -  para a vítima. Igualmente, a Diocese foi condenada ainda a pagar mais R$ 45,5 mil aos advogados da parte autora no processo contra o Padre – o que totalizaria cerca de R$ 500 mil.